Além do híbrido tradicional: novas abordagens para o modelo ganham espaço nas organizações
Miguel Monzu, VP da FESA Group, reflete sobre as mudanças e motivação por novos modelos na indústria farmacêutica
É chegado o momento em que discutir o modelo de trabalho vai além de decidir quantos dias se deve estar em casa ou no escritório. Algo mais nobre deveria estar na mesa de discussão: por que optar por um ou outro modelo? Diante dos argumentos que sustentam cada formato, a decisão torna-se cada vez mais complexa.
Essa é a visão de Miguel Monzu, vice-presidente e sócio da FESA Group, que aponta a importância de se refletir sobre o propósito do trabalho e não apenas seguir convenções numéricas. Segundo ele, na indústria farmacêutica, por exemplo, o modelo híbrido domina com jornadas 2×3 ou 3×2, resultado da satisfação dos colaboradores e da necessidade de adaptação a limitações de espaço no pós-pandemia. No entanto, a escolha pelo formato híbrido muitas vezes tem se baseado mais na repetição do que em critérios claros de produtividade ou bem-estar.
Um exemplo que chama a atenção de Monzu por fugir desse padrão é o FlexSpace, modelo adotado pela Amgen, multinacional de biotecnologia. O formato busca proporcionar maior autonomia aos colaboradores, permitindo que escolham onde e quando trabalhar com base na natureza de suas atividades, promovendo um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal.
Características do FlexSpace
- Autonomia e propósito: Os colaboradores decidem se realizam suas tarefas remotamente ou presencialmente, considerando o objetivo da atividade. Tarefas que exigem concentração, por exemplo, são feitas em casa; já reuniões estratégicas ou sessões de brainstorming, no escritório.
- Ambiente de trabalho adaptável: As instalações da Amgen foram redesenhadas com espaços abertos e estações de trabalho não fixas, permitindo que cada um escolha o local mais adequado às suas necessidades do momento.
- Cultura de confiança: A empresa cultiva uma cultura baseada em confiança e responsabilidade, permitindo que os colaboradores gerenciem seu tempo e atividades com autonomia, sem a necessidade de supervisão constante.
- Suporte ao trabalho remoto: Para garantir conforto e produtividade em casa, a Amgen oferece equipamentos ergonômicos e tecnológicos aos funcionários.
Segundo Thiago Pastore, Diretor de Recursos Humanos da Amgen, os resultados do modelo têm sido positivos:
“Implementado inicialmente em países como Espanha, Portugal e Colômbia, o FlexSpace tem sido bem recebido pelos colaboradores. Na Amgen Brasil, por exemplo, mais de 95% dos funcionários demonstraram satisfação com os benefícios relacionados à flexibilidade no trabalho. Esse modelo também contribuiu para a retenção de talentos e reconhecimento da empresa como um excelente lugar para trabalhar.”
Pastore ainda conclui: “O FlexSpace representa uma abordagem moderna e centrada no colaborador, alinhando as necessidades do negócio com o bem-estar dos funcionários. Ao priorizar a autonomia, a confiança e a flexibilidade, a Amgen estabelece um exemplo de como as organizações podem adaptar-se às novas dinâmicas de trabalho, promovendo ambientes mais saudáveis e produtivos.”
Para Miguel Monzu, a reflexão deixada é clara: mais do que o número de dias no escritório, é preciso discutir o porquê de cada escolha e desenhar modelos que façam sentido para as pessoas e para o negócio.
Com Assessoria